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Teorema do Sanduíche by Alcibíades


Ao lado do fascínio e da excitação estava um fetiche espremido entre o prazer e a aversão. Sem conseguir resistir, Inácio sempre costumava tangenciar os pontos derivados do seu desejo em ver homens raspando a cabeça, mas nunca ousou tocá-lo. Tendia a personificar o libido em si e concretizá-lo, entretanto a falta de coragem quase o tornou constante; então desistia no calor do impulso. A resistência o levava ao medo, do medo à repulsa, e da repulsa à aversão. Contudo, crescia dentro de si uma ânsia que o elevava ao prazer sempre que se deparava com um cara calvo ou careca nas ruas, sempre que se imaginava raspando o próprio cabelo, sempre que se deparava com uma foto, um vídeo, ou até alguma pornografia que fizesse alusão ao seu fetiche. Do medo à ânsia, da ânsia ao prazer; gozava de forma mais intensa do que jamais gozaria um dia com a fantasia do sexo habitual. Como poderia algo mundano fazê-lo tão feliz?

Cortar o cabelo, ou até raspá-lo, parece ser algo habitual para alguns: um cuidado, uma manutenção, uma expressão inevitável da personalidade que todos periodicamente se submetem. Essa trivialidade o fazia questionar quanto ao próprio juízo. A ideia da carne e a mente se excitarem com algo tão ordinário, tão fácil e tão simples quanto cabelo seria incompreensível para a maioria das pessoas. Não é possível que um mesmo ponto coordenado levasse a duas ordenadas diferentes, logo Inácio acreditava que seu desejo era disfuncional. Convivia com um paradoxo instaurado em sua mente desde que sentiu pela primeira vez o sangue pulsar e enrijecer o membro da pelve. Ele se entendia como homem gay desde a adolescência, e, agora aos 26, já aceitava isso, contudo o próprio fetiche continuou na penumbra entre a aceitação e a confusão, retornando como um fantasma que o transferia de volta à posição de conflito no intervalo que compreende o que ele realmente queria e o que seria esperado dele pelos outros.

Então, retomou à escuridão dos próprios pensamentos, derrotado por uma razão externa que jamais partiu de si, mas que atribuía significado à sua própria existência. Acreditava que seus desejos sexuais, por mais que parecessem inofensivos, não faziam sentido perante ao que lhe foi ensinado como normal. Para além disso, o fetiche tornou-se gradualmente uma compulsão: tudo remetia à visão de cabelos caindo, a um barbeiro decidindo fazer o que quisesse com o cabelo do cliente, ao ato de arrancar os fios do topo até ficar calvo, à sensação de tocar em uma cabeça com fios de cabelo tão curtos que arranhariam a pele ao tato. Inácio lutava contra esses impulsos, o que o fazia cair à aversão. Era um ciclo sem fim: do desejo, sentia prazer; do prazer, sentia culpa; da culpa, sentia medo; do medo, sentia aversão e, por fim, tornava-se obcecado, retornando ao prazer.

Na última vez que se permitiu aproximar-se de seu limite, percebeu estar preso numa indeterminação, a qual precisaria fatorar para compreender seus desejos. Não precisava de pornografia convencional, qualquer coisa que o remetesse à sua obsessão seria o suficiente para que expurgasse seu sentimento para fora. Era uma quarta-feira à noite e ele estava na faculdade, no laboratório de informática, aguardando o professor substituto iniciar a aula. Ao a porta ser aberta, entrou na sala um homem de meia idade, com os cabelos castanhos claros um tanto grisalhos, quase completamente calvo se não fosse por alguns fiapos que ainda não desistiram. Ele era robusto, vestia uma camisa azul lisa, que estava com três botões desabotoados, jeans e um mocassim marrom. Tinha uma barba por fazer bem grossa, com um bigode grosso e cheio. Ao deparar-se com o novo docente, o qual passaria todas as quartas-feiras admirando até o fim do semestre, as coxas de Inácio ficaram mais pesadas, a pele começou a formigar e o seu membro enrijeceu. Discretamente, pressionou o pulso contra o pau por cima da calça, e assim ele fez até que, da mesma forma que diante a um banquete o faminto se entrega à gula, seu corpo cedeu e teve uma ereção.

Nesse momento, Inácio julgou estar desgovernado. Havia ultrapassado a uma região que acreditava ser assíntota à sua própria moral, jamais pensara que um dia faria uma coisa dessas em público. Acreditou ter pedido o controle, é esse era um dos seus maiores medos. Já havia lido e assistido relatos de todo o tipo de gente que, por conta de um fetiche, perdeu o rumo da vida, desfez relacionamentos, ou até teve uma fixação tão grande que o tesão emergiu patológico como uma parafilia. Por isso, não achava que sua obsessão era saudável. Por mais que fosse inevitável entregar-se à luxúria, tinha acabado de cometer atentado ao pudor. Por um milagre, ninguém notou, muito menos questionou o suor, até porque a disposição dos computadores no laboratório possibilitou uma considerável distância entre os colegas. Mesmo assim, sua consciência já estava treinada: considerou-se sujo, perverso, um tarado.

Desde então, passou a crer que sua vida estava sendo fatalmente afetada pelo fetiche. Como ele conseguiria ser feliz em um relacionamento se tivesse que esconder o que realmente queria só para si? Sentia que apenas conseguia gozar se estivesse ao menos pensando em algo que realmente o excitasse: cabelos e pelos. Poucas foram as vezes que fez sexo com alguém e não parou para fantasiar um pouco, passar as mãos pelo cabelo de um amante e desejar cortá-lo, mesmo que contra a vontade. De beijá-lo enquanto, com uma máquina na mão, rasparia o topo da cabeça dele e levaria a máquina à sua própria, fazendo com que os cabelos caíssem no chão, tal cama de amor urgente. Queria comer alguém enquanto destruía o cabelo do passivo, queria mamar enquanto era raspado, queria o cabelo destruído, sendo condenado a ser calvo para sempre, queria transar com outro homem careca barbudo, queria ser barbudo e, acima de tudo, queria ser compreendido.

Estava distante de alcançar o que desejava, uma vez que nem ele era capaz de entender o que sentia. Pensou várias vezes que o melhor caminho seria encontrar uma pessoa que tivesse o mesmo fetiche, e quem sabe construir um relacionamento; de qualquer forma, só queria alguém para apertar o gatilho por ele. Inácio era uma abscissa aguardando uma função levá-lo à imagem a qual almejava ser. Quando adolescente, sonhava em mudar-se para fora da casa dos pais e viver a sua aparência do jeito que queria, contudo os círculos de convivência se expandiram conforme a idade passou: tinha receio da reação dos amigos, dos colegas de trabalho, da galera da faculdade, e, principalmente, temia perder possíveis pretendentes, tinha medo da solidão.

Deixar as laterais bem raspadas por baixo da cabeleira era como se aproximar da vizinhança da tendência de seu limite, sempre pedia ao barbeiro para fazer um degradê dos lados. Ele era vaidoso, gastava dinheiro com creme para finalizar os cachos, deixando-os bem uniformes e enrolados, sentia gosto em fazer isso. Atrevia-se com pouca frequência a cortar um pequeno cacho que ninguém notaria, era como uma pequena perversão que permitia viver, um segredo em forma de presságio do que estaria por vir.

Seu fetiche estava espremido entre o prazer e a aversão, mas ele percebeu que, à medida que se aproximavam do seu limite, ambos convergiam para o mesmo ponto: a satisfação. Logo, submeter-se completamente o encaminharia a esse mesmo resultado no contradomínio daquilo que almejava ser. Era um teorema do confronto perfeito, e o gatilho foi acionado ao perceber isso. Montou, então, um plano: decidiu comprar uma pinça e um depilador, usaria ambos para simular uma calvície. Já tinha certas entradas em seu cabelo, entretanto não eram grandes o suficiente para serem notadas. Além disso, o seu longo cabelo cacheado disfarçaria bastante. Como resultado, legitimaria adotar cortes mais curtos como símbolo de aceitação de um destino masculino e, principalmente, não teria mais escolha a não ser aceitar a calvície e perder para sempre os seus cachos. Mesmo que voltasse a crescer, seriam frágeis, ralos, fios frívolos que representam algo que ele nunca verdadeiramente foi.

Aguardou ansiosamente até que os materiais chegassem. Assim que os recebeu, abriu os pacotes e foi ao banheiro. Lavou os cabelos como se estivesse se despedindo deles, os penteou, finalizou e tirou algumas fotos. Depois, os amarrou para trás em um pequeno rabo de cavalo, separou os fios que iria arrancar, prendendo 4 na pinça e, por impulso, os arrancou rapidamente. Doeu, não muito, mas o suficiente para incomodar. Entretanto, a sensação foi prazerosa, não pela dor em si, e sim pelo que ela significava. Pegou mais fios, agora do outro lado, e fez o mesmo. Olhou no espelho e não sentiu diferença alguma, ele teria que cavar mais fundo, e logo fez, passou 2 horas em pé entre a dor e o tesão esculpindo a entrada perfeita, o homem perfeito. Ao terminar, penteou os cabelos para a frente, parecia que nada mudou, todavia ao levantá-los, era nítida a mudança, só que não era o suficiente. Então, tomou como rotina arrancar um pouco do cabelo todo o dia até que sentisse alguma diferença, até que se sentisse satisfeito.

Após um tempo, Inácio convenceu-se de que estava pronto para diminuir o tamanho do cabelo e exibir as entradas. Antes, tinha receio dos comentários, agora os ansiava. Deixou a barba crescer por dois meses e foi à barbearia. Pediu 16mm em cima e quase 10mm em baixo, não era para diminuir a barba, apenas alinhá-la. O barbeiro nem questionou, pegou a máquina, acoplou o pente 5 e iniciou o corte. Conforme os cachos foram caindo, sua calvície projetada foi revelada e Inácio apresentou uma indiscreta expressão de grande espanto.

— Não esperava ter tudo isso de entrada, não é? — indagou o barbeiro.

— Não mesmo! — respondeu.

E realmente, ele achou que tinha cavado, mas não tanto. As entradas estavam inegavelmente profundas, certamente estava se encaminhando para a terceira posição na escala norwood.

— E a coroa atrás também já está aparecendo, parece um buraco grandinho… É porque o seu cabelo estava grande, sabe? Aí esconde muito — disse o barbeiro, que desligou a máquina e agora olhava fixamente para a cabeça de Inácio. — Você quer que eu disfarce?

— Como?

— Eu posso cortar mais curto, pode ser a máquina três, dois ou até a um em cima, deve ser o suficiente. Não vai esconder, mas fica mais de boa, sabe? Tudo bem baixinho...

— Faça o que achar melhor, chefia — as palavras escaparam da boca de Inácio com a sua própria respiração. O barbeiro poderia passar a zero e a navalha, ele não questionaria nada, apenas o deixaria fazer aquilo que quisesse.

O barbeiro pegou o pente um, encaixou e ligou. Dessa vez, a máquina vibrava de uma forma diferente, o baralho foi hipnotizante e Inácio entregou-se a ele. O pescoço estava maleável, olhos fixos no espelho e pau completamente excitado, oculto pela capa. Estava torcendo para que o barbeiro passasse a máquina um no topo de sua cabeça, e o seu coração disparou quando isso aconteceu, revelando um couro cabeludo pálido, que nunca vira a luz do sol. O restante do cabelo caiu ao chão, até que ele estava com a cabeça completamente raspada, apenas 3mm de comprimento. O barbeiro fez um degradê, que ia de uma base raspada na navalha até a zero alta, alinhou a barba, usou um secador para empurrar os fios fora, e o libertou da capa.

Inácio sentiu como se tivesse acabado de sair de um transe. Foi puxado de volta à realidade ao olhar para si no espelho e notar que foi muito rápido, não era isso o que ele esperava, entretanto, era o que ele queria. Agora, estava quase completamente careca, se não fosse por 3 milímetros de fios. Era inevitável que a taxa de variação de sua mente instável - a derivada de seu desejo - o levaria instantaneamente do ciclo incessante e secante de aflição até àquilo que tangenciava a sua carne. Passou as mãos pela primeira vez na cabeça raspada e sentiu que finalmente o acúmulo de seus comportamentos instáveis culminaram nisso. Agora, era integralmente o homem que ele sempre quis ser, e jamais abriria mão disso.

Deixou de sentir vergonha por se excitar com algo que julgava tão banal, pois sentia-se orgulhoso de si ao se olhar no espelho. "Se o que me excita é tão simples e besta, por que eu não fiz isso antes?", pensou. Agora, finalmente entendeu que aquilo que soava como um limite indefinido, apenas estava o levando ao infinito.




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